quarta-feira, 26 de junho de 2013

Capítulo 15 - A Virgem Sedutora

Quando foi a última vez que comeu, alguma coisa?

A pergunta que Joe fez, ao destrancar a porta de sua casa pegou Demi desprevenida. Esperava ouvir dele uma série de perguntas incisivas, quem sabe até hostis.

Mas o fato de Joe parecer mais preocupado com seu bem-estar do que com qualquer outra coisa era desconcertante. Não tanto, porém, para seu alívio e segurança, quanto à maneira com que assumiu o controle da situa­ção difícil em que Demi se encontrava.

Demetria: Foi na hora do almoço. Mas não estou com fome.

Joseph: Isso porque continua em estado de choque, Demi. A cozinha fica aqui.

Em qualquer outra circunstância, Demi sabia que fica­ria maravilhada com a oportunidade de conhecer a casa de seus sonhos, mas no momento não tinha condições de absorver nada.

Talvez Joe tivesse razão, devia ser o estado de choque. Que outro motivo teria para permanecer insencivel daquele jeito, permitindo que ele tomasse todas as decisões?

Deixou-se conduzir até uma cadeira na cozinha, onde se sentou. Joe abriu o armário e depois a geladeira, insistindo em dizer que o jantar simples que prepararia iria ajudá-la a dormir melhor.

Joseph: Isso me fez lembrar algo — disse, em instantes, ao servia uma omelete. — Acho que terá de dormir em meu quarto, pois é o único que já tem móveis. Dormirei aqui embaixo, no sofá.

Demetria: Não, nada disso. Não posso dormir em sua cama.

 Joseph: Por que não? — Joe a fitava com malícia. — Afinal, não será a primeira vez que você faz isso.

O sangue subiu-lhe à cabeça, e Demi sentiu o rosto ferver. Suas mãos tremiam tanto que teve de segurar a xícara de chá que Joe lhe deu com as duas mãos, para não derramar o conteúdo.

Sabia que estava exagerando, mas não conseguia se conter.

O comentário dele não foi apenas constrangedor: teve o dom de humilhá-la. Uma lágrima ameaçou rolar, ex­pondo toda sua fragilidade no momento.

Demi aprumou os ombros, lutando para conter o choro.

Joseph: Desculpe-me, Demi. Eu não devia ter dito isso. — Parou para observá-la, recriminando-se por tê-la ofendido.

Era impressionante como os sentimentos dele haviam mudado, depois de descobrir que estava enganado sobre ela. A última coisa que desejava era magoá-la, mas ainda havia algumas questões entre eles que precisavam ser esclarecidas. E, embora não fosse essa sua intenção no momento, já que o assunto surgiu, talvez fosse uma boa oportunidade para discuti-lo com Demi.

Joseph: Precisamos conversar, Demi.

Ela colocou a xícara no pires.

Demetria: Foi por isso que me trouxe aqui? Para me interrogar? Se pensa que só porque me livrou de passar uma noite na cadeia vou retribuir traindo meus companheiros, está muito enganado. Pode me levar de volta para a delegacia agora mesmo!

Joseph: Demi, não quero falar sobre os problemas da fábrica, nem sobre a manifestação.

Ao vê-la com aqueles olhos assustados e desconfiados, Joe perguntava-se o que Demi diria se soubesse que, por mais que tentasse, não conseguia tirá-la da cabeça e que, além disso, ela era tudo o que importava?

Joseph: Já marquei uma reunião com os representantes dos operários para amanhã de manhã, na qual pretendo explicar meus planos para o futuro da fábrica e fazer minhas propostas para eles.

Demetria:  É, eu ouvi dizer... Bem, então sobre o que deseja falar comigo?

Joseph: Deixe para lá. Por que não vai se deitar? Parece tão exausta... — curvou-se para ajudá-la a se erguer.

Pressentido a possibilidade de ele vir a tocá-la, Demi se adiantou e se levantou, consciente de que qualquer contato físico numa hora de tanta instabilidade seria perigoso demais.

Levantou-se do assento, quase caindo por causa do es­forço que fez para evitar tocar em Joe. Mas, ao fazer isso, o que mais temia aconteceu. Para evitar que ela caísse, Joe tentou segurá-la, e Demi, desequilibrando-se, caiu no colo dele.

Sem dizer nada, ela o afastou, empurrando o peito de Joe, que não ousou contrariá-la.

Joseph: Você está bem?

Demetria: Sim, estou. — Ela se afastou, para que ele não percebesse nenhum sinal do desejo ardente que a queimava por dentro.

Joe abriu a porta para Demi passar. Trêmula, caminhou em direção a Sala. Ele a acompanhou até o topo da escadaria. Não ousava olhar para Joe, com medo de ser traída pelos próprios sentimentos.

Joseph: É a segunda porta à esquerda. Há toalhas limpas no banheiro. Vou buscar sua mala no carro e já volto. Deixarei a bagagem do lado de fora do quarto.

Joe parou. Não tinha mais dúvida. O que sentia por Demi era amor! Estava apaixonado, e isso o trans­formou num homem bem diferente, no qual mal se re­conhecia. Um cara que se comportava de maneira ilógica, guiado pelas emoções. Alguém que, naquele exato momento...

Ouviu o grito que vinha do andar de cima. Abriu a porta da sala, bem a tempo de escutar um outro, e então, subiu correndo a escada, de dois em dois degraus. Avistou Demi na cama, de olhos arregalados, assustada e ofegante.

Joseph: O que foi, Demi?

Um imenso alívio se apossou dela ao ouvir a voz de Joe. Teve um pesadelo com Jeremy Discroll. Um sonho horroroso, aterrorizante, e acordou com o próprio grito. Por alguns segundos, quando Joe entrou na suíte, acre­ditava que fosse Jeremy.

Demetria: Eu estava tendo um pesadelo pavoroso... com Jeremy Discroll.

Só de pronunciar o nome dele, Demi tremia de medo e mal conseguia continuar a falar com Joe, que havia se sentado na beirada do colchão.

Ela viu as pupilas dele brilhantes e ansiosas, apesar da penumbra do quarto, iluminado apenas pelo luar.

Demetria: Sinto muito se o acordei. — Só então Demi notou que ele ainda estava vestido.

Será que o sofá era tão desconfortável que Joe não se arriscou a dormir ou não trocou de roupa por causa da presença dela? Talvez tivesse medo de que o seduzisse de novo.
Joseph:  O que foi? O que há de errado?
A rapidez com que Joe leu a expressão de Demi a pegou de surpresa. Depois de tudo o que havia acontecido naquele dia, suas defesas estavam fracas, ou melhor, tinham desaparecido por completo.

Demetria: Ainda está com suas roupas, Joe. Ficou acordado até agora? Se é porque...

Joseph:  É porque a única cama em que eu gostaria de me deitar já está ocupada e me foi negada. A menos, claro, que você tenha mudado de idéia. E queira dividi-la comigo.

Joe sabia que estava fazendo o que jurou a si mesmo que não faria sob circunstância alguma. Comportava-se como um predador, aproveitando-se da fragilidade de Demi e sua momentânea situação de dependência em relação a ele.

Todavia, vê-la na cama, encolhida de pavor, tão desprotegida bastava para que tivesse certeza de que a queria de novo em seus braços, para tocá-la, beijá-la, acariciá-la.

Joe murmurou o nome dela, incapaz de conter seu desejo por mais tempo. Tomou-a nos braços, e o som de sua voz desapareceu no ar, calado por um beijo ardente.


A paixão tomou conta dos sentidos de ambos. Nada mais importava, nada mais fazia sentido, a não ser a vontade a ser saciada. E mais uma vez Demi se entregou, sem reservas, às delícias que só Joe sabia lhe proporcionar.


Próximo Capítulo ...


Não foi bem uma maratona mais dois capítulos por dia ta bom não acham ? Espero que tenham gostado, amanhã posto mais!

Capítulo 14 - A Virgem Sedutora

Demi tinha a impressão de que não havia nenhum aspecto de sua vida que não tivesse sido invadido por aquele homem. Ou nenhum aspecto dela mesma?   .

Apressada, correu para a cozinha. Logan tinha ligado, convidando-a para jantarem juntos, mas ela disse que estaria muito ocupada naquela noite. Na realidade, temia que o primo tentasse dissuadi-la da idéia de participar da manifestação, marcada para a manhã seguinte.

Não que se tratasse de um ato ilegal, mas Logan decerto não aprovaria o envolvimento dela, temendo pelo que pudesse acontecer.

Demi gostava muito do primo, eram quase como irmãos, e ela sabia o quanto ficaria assombrado se soubesse do que houve entre ela e Joe. Envergonhava-se de si mesma. Mas o que a fazia sentir-se ainda pior eram os sonhos que insistiam em visitá-la ao adormecer. Neles, não só revivia tudo o que aconteceu, como desejava mais.

Engoliu em seco, tentando concentrar-se no que fazia, mas por algum motivo perdeu o apetite. Pela comida, pelo menos.

Enquanto estive em pé no jardim ao lado de Joe, olhar para ele com a certeza de que nunca esteve tão faminta em toda sua vida...



Joe acordou com um sobressalto, sem saber direito onde se encontrava. Sonhou com Demi, e não pela primeira vez. Procurou pelo abajur ao lado da cama e acendeu-o. A casa tinha sido pintada e cheirava a tinta fresca. Levantou-se e caminhou até a janela, abrindo a cortina para ver o jardim iluminado pelo luar.

Durante o sonho, lembrou-se de algo que o perturbava. Teria sido impressão sua ou havia algo no corpo de Demi que indicava ter sido ele seu primeiro amante?

Não, era absurdo pensar uma coisa dessas. Um absurdo total. Demi se mostrou tão desinibida, tão apaixonada! Mas e se tivesse razão? E se ela, além de ter bebido e caído num sono profundo, fosse uma moça sem experiência alguma?

Engoliu seco, percebendo a dificuldade que tinha em pronunciar a palavra "virgem" até mesmo em pensamento.

Mas, lógico, se tivesse sido esse o caso, ela teria feito algum comentário a respeito. Como o quê, por exemplo? Algo do tipo: "Ah, a propósito, antes de fazer sexo com você, eu era virgem"?

Não. Esse não era o estilo de Demi. Era muito orgulhosa e considerava-se uma mulher independente demais para fazer tal coisa.

E se fosse mesmo virgem...

Em nenhum momento, durante aquela noite, ela sugeriu que devessem tomar precauções em termos de uso de preservativos. E Joe não estava preparado para tomar esse cuidado, porque foi pego de surpresa. Isso significava que...

Joe não conseguiria dormir mais, de jeito nenhum. Quanto à saúde de Demi e a dele, não havia muito com o que se preocupar. Contudo, quanto à possibilidade de uma gravidez não planejada, era um assunto que deveria estar preocupando Demi também.

Teriam de conversar sobre isso, e ele insistiria em obter as respostas para suas questões.

Fechando os olhos, Joe esforçou-se para se lembrar de cada detalhe dos momentos que haviam passado juntos. Já reviveu aquelas cenas dezenas de vezes, mas agora era diferente. Estava atrás de indícios, sinais que poderiam significar muito e que ele poderia ter deixado escapar.

Tinham ficado tão próximos, e havia aquela sensação forte de tê-la apertada ao redor dele, nos momentos de maior intimidade. Mas Demi não disse nada, não deu nenhum sinal. O que Demi fez, afinal? De repente, Joe experimentou um desejo enorme de tê-la consigo de novo, como se fosse responsável por ela.

Demi era professora de crianças. Deveria ser uma pes­soa responsável!

Se fosse mesmo virgem até então, a situação ganharia contornos e implicações bem diferentes. Talvez ele fosse mais italiano do que supunha, reconheceu, ao ter o peso da responsabilidade caindo sobre si, como se ele, como homem, devesse protegê-la. Pior ainda, sentia um certo orgulho. Por quê? Por ter sido o primeiro homem da vida dela? Pela possibilidade de Demi ter concebido, por acaso, um filho dele? A que ponto chegava seu chauvinismo?

Sua mãe ficaria radiante por ser avó e por ganhar uma nora que, na certa, ela aprovaria, adorando poder apresentá-la aos parentes italianos.

Joseph: Ei! Pare com isso!

Joe tentava se conter. Não fazia o menor sentido pen­sar numa bobagem daquelas. Além do mais, era perigoso ficar fantasiando assim.

Por um momento, chegou a crer que a mãe teria mesmo procurado aquela benzedeira para encomendar uma poção mágica de amor para ele.

Tolice. Se havia alguém a ser responsabilizado por essa situação toda, esse alguém era ele. Afinal de contas, poderia ter resistido a Demi. Ela era mulher, e pequena, en­quanto ele, um homem, mais forte e mais pesado, poderia tê-la contido, se assim quisesse.

No entanto, não o quis.

Joseph: Também, não sou de ferro. Ela estava lá, ardente, entregue, irresistível...

Só de pensar, estremecia dos pés à cabeça. Fez uma careta com a reação instantânea de seu corpo, quando se lembrou de Demi nua.

Ele a desejava como nunca desejou ninguém antes.

Joseph: Oh, céus, como eu a quero!

Joe ficou sabendo da manifestação quando recebeu um telefonema da estação de rádio, perguntando se ele gostaria de fazer algum comentário sobre a situação. Muitas outras ligações se seguiram, informando-o que seria uma atitude pacífica contra o fechamento da fábrica.

As reuniões para discutir a possível venda da fábrica que ficava perto da estrada já haviam sido marcadas, mas Joe só poderia ir a Frampton na parte da tarde. Mesmo assim, conversou com o líder do movimento e combinou um encontro com os trabalhadores, para discutir a situação.

Embora não estivesse preparado para dar sua palavra final sobre o assunto, já decidiu manter a fábrica aberta. A decisão não tinha nada a ver com Demi Lovato, claro.

Quando mais tarde a polícia ligou para informar que pretendia monitorar a situação de perto, Joe disse ter certeza de que seria um ato pacífico.

Eram quatro da tarde, e ele não conseguiria sair de Londres antes das cinco. Começou a pensar no que Demi estaria fazendo naquele instante. Precisava muito falar com ela. Queria saber se havia uma possibilidade, ainda que remota, de ela ter concebido um filho dele.


Ansiosa, Demi olhou por cima do ombro. Juntou-se aos demais uma hora antes, depois da aula. No início, estava tudo tranquilo, e o líder havia lhe informado que Joe Jonas  entrou em contato e marcou uma reunião para o dia seguinte.

Mas, para a surpresa de todos, Jeremy Discroll apare­ceu cerca de meia hora antes. Primeiro, mandou que abrissem os portões da fábrica para ele. Como os operários se recusassem a cumprir sua ordem, alegando que a fábrica já não lhe pertencia mais, ele desceu do carro. Houve um pequeno tumulto, mas Jeremy acabou entrando no prédio da administração.

Continuava lá dentro, mas fazia cerca de dez minutos, um carro de polícia se aproximava, seguido por um repórter e um fotógrafo do jornal local.

O caráter pacífico da manifestação cedia lugar a agres­são e ao tumulto, quando Jeremy Discroll saiu do edifício. Um dos manifestantes, a quem Jeremy agredia verbal­mente quando entrou na fábrica, foi em sua direção.

Jeremy: Não acha que essa baderna vai fazer Joe Jonas mudar de idéia, acha? — provocava o homem.

Xxx: Ele concordou em nos receber amanhã de manhã.

Jeremy: E acha que ouvirá o que você tem a dizer? Que ingenuidade a sua! Joseph já decidiu que fechará este lugar, e com razão. Considerou esta fábrica inviável, e eu não o culpo, porque vocês são um bando de preguiçosos. Se Jonas resolveu vender isto aqui foi por culpa de vocês. Todo mundo sabe disso.


Demetria: Isso não é verdade! — exclamou, inconformada com o que ouvia.

Jeremy virou-se para olhá-la.

Jeremy: Meu Deus, você! Eu deveria ter suspeitado. — Olhou para o jeans e a camiseta de Demi com despudor. — Não será nada bom para sua escola, não é? E então, a querida escolinha terá de fechar junto com a fábrica, não é mesmo? Pelo jeito conseguirei, enfim, meu terreno.

Ao dizer isso, Discroll começou a caminhar em direção a Demi. Algumas pessoas tentaram impedi-lo, mas ele foi mais rápido.

Um dos homens tentou protegê-la quando Jeremy se aproximou, mas era jovem demais e bem mais fraco.

Ela estremeceu ao ver Jeremy empurrá-lo para o lado. O rapaz revidou e, de repente, a situação saiu do controle.

As pessoas gritavam, empurravam, e os policiais saíram das viaturas. E, antes que Demi desse um passo, Jeremy a segurou e a arrastou pelo pátio.

Demi tentou escapar, mas ele não permitiu.

Jeremy aproximou-se de um dos policiais, afirmando que ela o agrediu.

Jeremy: Insisto que prendam esta mulher. Vou processá-la por agressão.

Demi tentou protestar, alegando inocência, mas quando deu por si já estava sendo arrastada para dentro da radiopatrulha, com os flashes do fotógrafo ofuscando-lhe a vista.

A delegacia estava cheia. Demi não acreditava no que acontecia. Um sargento que não a reconheceu começou a fazer perguntas para fichá-la. Ela começou a se sentir mal. A cabeça doía, estava com muito medo. Seu braço ficou arranhado no lugar onde Jeremy  a apertou.


Delegado: Nome?


Demi endireitou a coluna, percebendo que o sargento falava com ela.


Demetria: Ah!... Demetria Devonne Lovato.

Uma coisa era participar de uma manifestação pacífica, mas acabar numa cela de cadeia, acusada de agressão... bem... isso era muito diferente! O que diriam os pais das crianças, aqueles mais conservadores? Demi não conseguia nem imaginar. Isso sem falar nas autoridades do governo, ou o supervisor educacional.

Xxx: Com licença, senhor.

Demi estava prestes a desmaiar, quando ouviu a voz de Joe atrás dela. A entonação calma dele chamou a atenção do policial, que baixou a caneta e parou para olhá-lo.


Joe chegou à fábrica bem a tempo de saber, pelos poucos trabalhadores que ainda continuavam reunidos, tudo o que aconteceu.
           — Sim, e eles levaram a professora junto — um deles informaram, espantando-se com a reação instantânea de Joe, que girou nos calcanhares e saiu correndo com seu carro.


Joseph: Sou Joe Jonas, Delegado, proprietário da fábrica.


O sargento franziu a testa.


Delegado: De acordo com nosso arquivo, a queixa partiu de Jeremy Discroll.

Joseph: Talvez ele tenha se queixado, mas eu sou o dono da fábrica. Poderia me contar o que houve? Pelo que sei, era uma manifestação pacífica, e eu cheguei a falar com os operários hoje pela manhã. Combinamos de conversar amanhã cedo.

Delegado: Bem, pode ser, senhor, mas o Sr. Discroll telefonou da fábrica e disse que não poderia sair de lá porque estava sendo ameaçado. Assim que chegamos, houve um tumulto, e esta jovem aqui tentou agredir o Sr. Discroll.

Demi sentiu-se empalidecer, mortificada por aquela mentira.

Demetria: Não fiz uma coisa dessas! Foi ele quem me agrediu... — Para seu desespero, percebeu que estava prestes a chorar. As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, como se ela fosse uma criança.

Joseph: Deve ter havido algum engano — afirmou.

Embora Demi não estivesse em condições de se virar para olhá-lo, notou que Joe se aproximava e, por algum motivo insano, teve vontade de se atirar nos braços dele, em busca de proteção.

Joseph: Acontece que conheço muito bem a srta. Lovato. Ela estava na fábrica com meu consentimento, como minha representante — Joe mentiu, com frieza. — Não posso sequer imaginar por que ela agrediria Jeremy Discroll.

O delegado franziu mais uma vez a testa, intrigado.

Delegado: Meus subordinados disseram que ele insistiu para que a moça fosse presa. Discroll afirmou que pretendia processá-la por agressão.

Demi soluçava.

Joseph: Mesmo? Nesse caso, eu irei processá-lo por invasão de propriedade. Posso lhe garantir que ele não tinha per­missão para entrar na fábrica, e tenho certeza de que as autoridades irão querer investigar o que Discroll fazia lá. Alguns arquivos de contabilidade desapareceram, e esta­mos todos muito ansiosos para descobrir quem os roubou.

Sobressaltada, Demi virou-se para Joe.

Demetria: A mãe de um aluno contou ter visto Discroll sair às escondidas de uma sala que antes era usada para manter estoques. — A voz dela fraquejou, quando Demi viu o jeito que Joe olhava para o braço dela.

Joseph: Foi ele que fez isso? — Sem esperar pela resposta, Joe encarou o delegado. — Entendo que tem de interrogar a srta. Lovato, é seu dever. Mas gostaria de saber se pode deixá-la sob minha responsabilidade, até que faça isso. Prometo que não a perderei de vista.

O delegado olhou para os dois, pensando. Todas as celas estavam cheias. Poderia receber de Joe uma fiança, e, além disso, não havia nenhum motivo de fato para manter Demi ali.

Delegado: Muito bem, senhor. Porém, ela ficará sob sua inteira responsabilidade, e terá de comparecer aqui amanhã cedo, para ser interrogada, caso o Sr. Discroll decida ir adiante com essa história.

Joseph: O senhor tem minha palavra.

E, antes que Demi pudesse se pronunciar, Joe a tomou pelo braço e a levou para fora dali, conduzindo-a pela noite quente de verão.

Constrangida, ela percebeu que chorava.

Joseph: Foi o susto —  Disse, conduzindo-a para o carro. — Não se preocupe, você ficará bem assim que chegarmos em casa.

Demetria: Gostaria de tomar um banho e trocar de roupa.

Joseph: Posso providenciar o banho, mas as roupas você terá de buscar em sua residência. Podemos passar lá antes de irmos para a minha.

Demetria: Nada disso. Que idiotice é essa?

Joseph:  Ordens do delegado que  a soltou. E prometi levá-la à delegacia amanhã.

Demetria: Mas não posso ficar com você.

Joseph: Sinto muito, Demi. Terá que ser assim.

Demetria: Não agredi Jeremy. Foi ele que...

Joseph: Se ele a machucou, eu... Jeremy a feriu?

Só então, Joe percebeu a reação exagerada que teve. Chegou a assustar Demi, e ela já estava assustada demais.

Joseph: Achei que fosse ser uma manifestação pacífica — comentou ele, ao dirigir rumo à vila.

Demetria: E era. Mas Jeremy apareceu e provocou, e perdemos o controle da situação. É mesmo verdade que ele está sendo alvo de investigação?

Joseph: Sim. Mas acho que eu não deveria estar lhe contando isso.

Quando chegaram ao chalé, Joe insistiu em acompanhá-la, enquanto ela preparava uma pequena mala de roupas, e Demi sentiu-se sem forças para discordar.

O comportamento grosseiro de Jeremy Discroll a deixou com uma intensa sensação de fragilidade, e Demi lembrou-se de que, quando teve aquele conflito com ele, por causa do terreno, Discroll ameaçou se vingar. Era um homem perigoso e, pelo menos por aquela noite, ela sabia que estaria mais segura se permanecesse ao lado de Joe do que se ficasse sozinha em sua casa.




Próximo Capítulo ...


Poster grande para recompensar esses dias que não postei! Espero que tenham gostado,ainda hoje posto mais!